

Do Bragado para o resto do mundo, o “segredo” por detrás dos bordados de Cidália Rodrigues já atravessou fronteiras, e dá outro brilho a várias casas no Brasil e no resto da Europa. A Rádio Clube Aguiarense foi conhecer a artesã, que levantou ou véu, (ou neste caso o bordado), por detrás do dito “ponto segredo” do croché.
Por: Daniela Parente
Cada ponto é dado com a máxima perfeição e minúcia, e não há técnica que escape aos olhos e à delicadeza que Cidália Rodrigues aplica em cada peça que produz. A paixão e o gosto pela agulha já dura há mais de 18 anos, e desde aí tenta “inovar todos os dias, e aperfeiçoar as técnicas”.
Tudo começou na Suiça, onde Cidália esteve emigrada, quando se sentiu desafiada pelas colegas a criar peças em linho, apesar de ter dado os primeiros passos no croché com 12 anos. “Umas colegas estavam a fazer uma toalha de linho e croché e eu quando voltei para Portugal decidi comprar linho e comecei a fazer uma. Quando regressei definitivamente dediquei-me a isto a tempo inteiro”, contou a aguiarense.
No entanto, a melhor parte da arte que Cidália decidiu abraçar ainda estava para vir. Anos mais tarde descobriu o “ponto segredo” do croché, que dá uma forma diferente do habitual a todas as peças que produz, e desde aí nunca mais parou. “Foi uma senhora idosa que me ensinou este segredo, e que, entretanto, já faleceu. Ela não queria deixar morrer esta técnica e então ensinou-me a mim e a mais algumas jovens da aldeia. Mas é preciso praticar diariamente para que a técnica não se perca”, explicou a artesã.
A ex-emigrante, assim como a “mestre” que lhe ensinou este ponto diferente do habitual, não quer que o segredo morra e já tentou ensinar algumas jovens do Bragado. Em jeito de confissão à RCA, Cidália Rodrigues explicou por linhas gerais no que consiste esta técnica secreta: “Começamos com uma roda aberta, com os oito ‘buraquinhos abertos’. Na primeira volta ficam dois fechados, nas seguintes ficam quatro e quando tenho o tamanho que desejo volto para trás e faço os outros quatro.”
A aguiarense é já presença assídua há mais de nove anos na Feira do Mel e do Artesanato de Pedras Salgadas, onde vê a maior parte dos seus produtos a serem escoados e apreciados pelos visitantes da feira. No entanto, Cidália confessa que “Os primeiros anos correram bem, nestes últimos três está um bocadinho mais fraco, até porque estes tipos de peças não se gastam nem se estragam assim tão facilmente, então as pessoas não compram”.
Agora, as peças bordadas no Bragado têm tido como destino a Alemanha, França, Espanha, Itália e principalmente o Brasil. “Tenho agora várias encomendas para o estrangeiro. As pessoas vão vendo e vão passando a palavra”.
Toalhas merendeiras, colchas, toalhas de altar, toalhas de banho, naperons, conjuntos de quarto ou panos de cozinha. Não há nada que a técnica e o perfecionismo de Cidália Rodrigues não consiga criar, e não há formas difíceis que o “ponto segredo” não consiga embelezar.